segunda-feira, 1 de abril de 2019

Precisamos falar da GESTALT-TERAPIA


No dia 25/03/2019 tivemos uma aula sobre a Gestalt-Terapia com a convidada Nadia da Silveira Lemos Xavier, psicóloga que utiliza essa abordagem.
Com o objetivo de habilitar a pessoa para que ela possa usar a cognição, as sensações, emoções e sentimentos para enfrentar a própria realidade, Gestalt – ou Gestalt-terapia foi criada por Fritz Perls (neuropsiquiatra) (1893-1970).



Ao contrário de outras correntes de psicoterapias, a Gestalt não tem como preocupação maior trabalhar com base na origem do problema. O interessante desta terapia holística é o foco em compreender como o presente afeta o indivíduo e o que pode ser feito para mudar a realidade, quando há um incômodo emocional. É uma teoria e uma prática sobre o desenvolvimento/crescimento humano, que se dá em um processo de construção com o mundo em que está inserido.
Sem afirmar ou negar causas, a proposta da Gestalt é apenas criar meios para seguir em frente. Neste caso, o terapeuta tem o importante papel de mostrar ao paciente todo o seu potencial , que não vem sendo bem utilizado.
Desta forma, é possível retomar a capacidade de transformar aquilo que tanto incomoda. Segundo especialistas, a Gestalt é  uma forma de mostrar ao paciente o quanto ele pode estar sabotando a si próprio e como isso tem influenciado em tudo o que ele está vivendo.
Ao tomar consciência disso, o indivíduo volta a retomar as rédeas de sua vida, voltando a ser o protagonista da própria história.
Faz parte da abordagem da Gestalt enxergar a pessoa como indivíduo em desenvolvimento, um processo permanente que pode ser influenciado – e alterado – pela maneira como a qual cada um lida com a própria realidade. Não é determinista e enfatiza a liberdade e responsabilidade de escolha subjetiva. Considera a pessoa (HUMANA) enquanto ser biopsicossocioespiritual. O Ser Humano possui todos os instrumentos e potencialidades de que necessita para se desenvolver da forma mais adequada possível.
Perls e a Gestalt se importam com o “como”, ou seja, os processos vivenciados e o sentido que eles têm para a pessoa. O indivíduo é entendido na sua interação e relação com o meio. Para a Gestalt, awareness tem um sentido próprio que é o saber da experiência, considerando o movimento entre contato, organismo e meio, onde o indivíduo percebe o sentido e significado de si e do mundo. O organismo tende a buscar um equilíbrio. Quando não há o equilíbrio gera-se uma neurose. A conscientização só pode acontecer no aqui-agora e quando se mexe em uma parte deve-se ter consciência de que o todo será alterado. É essa concentração, presença atenta, para aquilo que é e como é. É a percepção da situação experienciada.
Tem como foco a relação terapeuta- paciente, o encontro e o diálogo. Sendo que o encontro pode ser do indivíduo com ele mesmo ou com o outro. Esse encontro deve ocorrer de maneira espontânea, porém na psicoterapia é realizado de forma intencional. O encontro é considerado o início e o objetivo para a realização do trabalho psicoterapêutico que tem como ênfase alcançar o continuum de awareness que é considerada uma ferramenta para que o indivíduo se constitua de forma saudável no mundo.
De acordo com Perls (1988), na neurose o organismo e o meio estão doentes. O meio tem a mesma dinâmica do organismo, buscando responder às necessidades predominantes em primeiro lugar. Contudo o indivíduo neurótico não tem condições de perceber suas necessidades e tão pouco de supri-las. Quando o indivíduo e o meio vivenciam necessidades distintas, e o indivíduo não distingue qual é a necessidade dominante gera-se um desequilíbrio. Considera se a relação cliente / psicoterapeuta.
O processo de psicoterapia visa o envolvimento criativo e na medida em que avança, flui mais confortavelmente. Na experiência relatada o paciente visa novas possibilidades para que seu funcionamento seja alterado, aprendendo a lidar de forma criativa com os sentimentos conflitantes, em vez de lutar contra seus próprios sentimentos ou polarizar o comportamento. Através da experiência sensorial, emocional ou corporal o paciente passa a perceber novas possibilidades, a identificar novas potencialidades em si, assimilando um novo conceito, através da experiência vivida no setting terapêutico, através de uma experiência concreta o paciente vislumbra novos recursos e possibilidades de ação.
CICLO DO CONTATO:
◼ (excitação)
◼ - retraimento;
◼ - sensação;
◼ - consciência;
◼ - mobilização de energia;
◼ - ação;
◼ - contato; (fecha uma gestalt).
Em psicoterapia o ciclo de contato funciona como um paradigma, um modelo que permite ler o indivíduo, além de permitir o encontro e se deparar com novas possibilidades. O ciclo é um plano de trabalho que consiste em contribuir para que o processo psicoterapêutico tenha uma direção e o paciente possa superar as situações de bloqueio e passe a dar respostas diferentes. Nenhum ponto do ciclo pode ser visto de forma isolada, ou seja, quando um mecanismo é a figura os demais estão como fundo. 

FORMAS DE EVITAÇÃO DE CONTATO
(Mecanismos de defesa)

◼ A preocupação central da Gestalt Terapia é se a adaptação possível se deu (se dá) com integração, o que desenvolve a sua inteireza interna e externa, ou se, para conseguí-la, a pessoa teve que alienar partes de si com o objetivo de ser amado, aceito e integrado no meio, o que o torna um ser dividido e portador de inevitáveis seqüelas.

◼ A patologia implica não somente em evitação do contato, mas a qualidade, intensidade e funcionalidade desta evitação.

1. CONFLUÊNCIA:

◼ É um estado de não contato, por fusão ou ausência de fronteira de contato. O
“si mesmo” não pode ser identificado; ausência de discriminação eu/meio.

2. INTROJEÇÃO:

◼ Incorporação de elementos do meio, de ideias a sentimentos, relações, valores, etc. Há a implicação de um elemento que não foi assimilado. Assume para si o que está fora. É patológica quando não há assimilação. É o “engolir inteiro”.

3. PROJEÇÃO:

◼ Atribuir ao meio elementos fantasiados pela própria pessoa. Há um deslocamento da responsabilidade da pessoa para o meio. Depositar no outro o que é nosso.

4. RETROFLEXÃO:

◼ Consiste em voltar para si mesmo a energia mobilizada; fazer a si o que gostaria de fazer aos outros ou que os outros lhe fizessem.

5. DEFLEXÃO:

◼ Permite evitar o contato direto, desviando a energia do seu objeto primitivo. Consiste em se desviar de um contato direto com outra pessoa.

6. PROFLEXÃO:

◼ Combinação de projeção e retroflexão; fazer ao outro o que gostaríamos que o outro nos fizesse.

7. EGOTISMO:

◼ Consiste em um esforço deliberado nas fronteiras de contato. Geralmente é uma etapa do processo terapêutico, mas se cronificar, torna-se patologia. A neurose está vinculada ao acúmulo de gestalt inacabada, de dificuldade de ajustamento entre a pessoa e seu meio, à evitação de contato intensa.

AJUSTES CRIATIVOS

◼ É com a finalidade de se autorregular que a pessoa está sempre fazendo arranjos (ajustes, truques, manhas), por vezes aparentemente estranhos ou bizarros, arranjos aos quais nós especialistas costumamos chamar de neuroses, distúrbios da personalidade, psicoses e outros nomes, mas que nada mais são do que os melhores ajustes que aquele ser conseguiu fazer nas limitadas circunstâncias existenciais circundantes em que ele esteve ou está sobrevivendo.

◼ Um sintoma é, antes de mais nada, uma forma de ajustamento / autoequilibração.

AVALIAÇÃO DO PROCESSO
TERAPÊUTICO:

◼ - autorregulação;
◼ - qualidade do contato;
◼ - capacidade de ajuste criativo.





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